31/03/2025 as 07:59

DIZ ELBER BATALHA

“Não seria exagero dizer que Emília foi eleita, mas o prefeito, de fato, é Edvan Amorim”

Ainda com o JC, o vereador comentou sobre o PSB e registrou estar com o nome à disposição do partido para novos desafios nas eleições em 2026

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Por Mayusane Matsunae

Nesta edição, o Jornal da Cidade traz o vereador Elber Batalha (PSB), que é o líder da oposição na câmara de Aracaju. Com o JC, ele conversou com a equipe de reportagem sobre a atuação no mandato, a opinião sobre a relação do legislativo com o executivo e, claro, a avaliação que faz sobre a gestão da prefeita Emília Corrêa (PL). Inclusive, sobre isso, Elber afirmou que “a gestão, na prática, não começou”. Ainda com o JC, o vereador comentou sobre o PSB e registrou estar com o nome à disposição do partido para novos desafios nas eleições em 2026. Confira o conteúdo completo.

JORNAL DA CIDADE - Como o senhor avalia seu papel na oposição ao governo da prefeita Emília Corrêa? Quais têm sido os principais pontos de divergência?
ELBER BATALHA – Meu papel, como líder da bancada, é fazer uma oposição propositiva, firme e fiscalizadora. As divergências são, sobretudo, devido à incoerência das posturas da saudosa vereadora Emília, atuante e combativa, e da atual: a Emília prefeita, que repete a mesma velha política que sempre prometeu combater.

JC – Como avalia a relação do Executivo com o Legislativo?
EB – Como sempre, pouco republicana, pautada na liberação de espaços no governo para a formação de maioria. Como eu já disse, a Emília repete a fórmula que sempre criticou. O “sistemão” que ela tanto criticou segue com força total.

JC – Sendo defensor público de carreira, como essa experiência influencia suas propostas e atuação como vereador?
EB – Trabalhando como defensor público no dia-a-dia, eu tenho contato direto com o povo carente da nossa cidade. Isso me faz conhecer der perto os problemas e as necessidades da coletividade de Aracaju. Milton Nascimento diz que o artista deve ir aonde o povo está. O político que quer estar sintonizado com a política do seu povo, deve fazer o mesmo.

JC – Quais foram os projetos de sua autoria mais relevantes nos seus mandatos?
EB – Foram vários, como: a proibição da cobrança de impostos sobre estacionamentos, que vigorou até 2013, quando o ex-prefeito João Alves revogou a lei; a proibição da cobrança de cauções em atendimentos de urgência e emergência. Na pandemia, viabilizamos a transmissão das aulas da rede pública pela TV Aperipê, criamos o SALVE - Sistema de Aviso Legal por Violência, Exploração ou Maus-Tratos contra a Pessoa Idosa. Mudamos a cobrança da taxa de vigilância sanitária para os dentistas, mudamos a cobrança do ISS para as cooperativas de trabalho, criamos o bairro Dom Luciano em um projeto social desenvolvido pelo Padre Marcelo Conceição, tornamos obrigatória a exigência do diploma para a contratação de jornalistas em Sergipe, criamos a primeira lei de proteção das pessoas com fibromialgia, dentre tantos outros.

JC – Quais são os principais desafios que Aracaju enfrenta atualmente, e como o senhor tem trabalhado para solucioná-los?
EB – A função legislativa do vereador é muito limitada, e nossa atividade é essencialmente fiscalizadora. Mas os desafios emergenciais de nossa capital são, principalmente, a melhoria do atendimento público de saúde e a qualificação do transporte público urbano, sobretudo a organização do sistema integrado de transporte.

JC – Como tem sido a relação entre situação e oposição na Câmara? Há diálogo ou predomina o embate?
EB – Minha relação é muito boa com os colegas. Eu faço a política propositiva, de diálogos sinceros, de debates duros, mas sempre com muito respeito pelos demais parlamentares. Tive a honra de ser escolhido como líder de uma bancada de oposição muito qualificada e mantenho um diálogo aberto com a bancada de situação. A prova disso é que, mesmo sendo minoria, a oposição derrubou um veto da prefeita e conseguimos retirar de pauta o pedido de empréstimo para que o projeto fosse melhorado.

JC – O senhor considera que a atual gestão municipal tem atendido às necessidades da população mais vulnerável de Aracaju?
EB – A gestão de Emília, na prática, não começou, e talvez nunca comece, pois, as principais pastas estão sob o comando de Edvan Amorim. Ele indicou seu advogado particular como procurador-geral do município, sua irmã como secretária de Educação, que administra 25% do orçamento da cidade, ou seja, cerca 1 bilhão e 100 milhões de reais, e nomeou ainda dois filhos do seu contador pessoal para secretário da Fazenda e para a Superintendência da Emsurb. Não seria exagero dizer que Emília foi eleita, mas o prefeito, de fato, é Edvan Amorim.

JC – Quais áreas o senhor acredita que precisam de mais investimentos no município? Por quê?
EB – Costumo dizer que quem precisa das políticas municipais são os mais carentes, aqueles que não têm plano de saúde, e dependem da saúde pública, da educação pública e do transporte coletivo. Mas, esses investimentos devem ser planejados, para que sejam eficientes e melhorem a qualidade de vida da população. Diferente desse empréstimo de 161 milhões para comprar 30 ônibus elétricos, pois, com esse valor, seria possível comprar 214 ônibus 0km, movidos a diesel não poluente, com Wi-Fi e ar-condicionado. Isso é jogar dinheiro do povo fora e dar ônibus de graça para as empresas continuarem a cobrar passagem da população.

JC – Como representante do PSB, quais valores ou princípios norteiam suas decisões políticas?
EB – O PSB é um partido progressista e, por isso, entendemos que a razão de ser da política é fortalecer as políticas públicas com o intuito de diminuir as diferenças sociais. O socialismo moderno não nega o capitalismo, mas procurar humanizá-lo, colocando o ser humano no centro do debate, e não o capital, pura e simplesmente.

JC – Quais são seus planos políticos para o futuro?
EB – Fazer o melhor mandato possível, honrando o voto dos aracajuanos que me reconduziram à Câmara e colocar meu nome à disposição do partido para novos desafios em 2026.